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quinta-feira, 28 de abril de 2011

O espelho distônico, por Viramundo

Quando você olha
no espelho,
vê a mesma imagem que
outras pessoas
fazem de você?
Se você respondeu sim,
é bom parar e observar
muito bem a situação.
Quando outra pessoa
olha para você,
ela vai enxergar
através do próprio
prisma, considerando
todas as expectativas,
preconceitos, interesses,
entre inúmeros outros
fatores mentais e
emocionais que
podem interferir
na sua avaliação.



Mas o problema não é a visão diferenciada das pessoas. O problema é aquilo que você imagina que será captado!

Esse é o drama a ser enfrentado na preocupação excessiva da imagem física. Uma pesquisa
demonstrou que essa dificuldade de auto-percepção, aliada à preocupação em ser bem recebido pelo meio social, pode causar sérios danos à vida. Um deles é o assunto do momento: mortes de adolescentes e jovens por anorexia nervosa e bulimia

Um em cada três pessoas tem imagem distorcida de si mesma, ainda que esteja com o peso ideal. Entre as mulheres, 31% com peso adequado se acham mais gordas do que deveriam. Curiosamente, entre os homens ocorre o oposto: 25% dos que tem peso adequado se acham mais magros do que deveriam ser...

Há como fugir desse esteriótipo? Difícil. A mídia cria o modelo, por exigência do mercado e os seres comuns do planeta correm atrás desse ideal de beleza.
Na Grécia antiga Vênus de Milo mostrava um corpo feminino forte, sem os extremos exagerados que vemos entre a renascença, onde a beleza feminina eram formas quase obesas e excessivamente arredondadas, e os espartilhos do século 19, que deixavam a “cintura de vespa”, até o emagrecimento absoluto que começou a ganhar força após os anos 60, do século XX. Até chegar ao corpo magro e malhado, ornado de músculos, do início do século XXI, onde as protuberâncias são obtidas com próteses e as gorduras sugadas em lipoesculturas.

Nesse meio tempo a mulher – que ao longo da história sempre foi tratada como objeto decorativo – sofria pressões relacionadas aos “dotes físicos”.

Na Inglaterra do século XV as damas desejavam morrer ao constatas que não possuíam a pele alva o suficiente (apenas camponesas eram coradas), o corpo rechonchudo, a testa larga, olhos estreitos ou largos, cabelos claros (loiros ou ruivos), entre outras especificações, como pés delicados e mãos de seda.

Hoje as adolescentes ficam sem comer e vomitam por ver nas passarelas a magreza absoluta. Modelos têm corpo de eterna adolescente anoréxica, com pernas compridas e finas e corpo longilínio o suficiente para tornar qualquer pano enrolado o máximo na arte da elegância.

Afinal, o que é bonito e o que é feio? A beleza da moda garante a harmonia em um relacionamento? Ou é aval da felicidade?

Para a feminista americana Nancy Wolf, a beleza não passa de uma invenção do homem para escravizar a mulher. Seria um sistema monetário, assim como o ouro. A anorexia seria um dano político causado às mulheres pela necessidade de manter o corpo magro e esbelto a qualquer preço.

Talvez essa seja uma visão extremamente radicam, mas não deixa de ter algum sentido. Só que hoje não apenas a mulher – mas também o homem – estão sendo vítimas de um padrão ditado pela mídia.

A mania da magreza é, naturalmente, cultivada pelo meio cultural e atinge mais intensamente o sexo feminino, embora o padrão de beleza moderno também esteja atingindo o sexo masculino, advindo da necessidade da mídia. Mas seres humanos não podem ser tratados como mercadoria descartável, ou “modificável”.

Talvez o mundo devesse exigir que as modelos nas passarelas tivessem um padrão mínimo de peso ou gordura corporal, que se aproximasse da normalidade humana. Caso contrário correremos o risco de perder, no futuro, a essência da beleza humana, transformada em seres com aparência alienígena, verdadeiros ciborgs da tecnologia estética.

http://artemirna.blogspot.com

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